terça-feira, 15 de setembro de 2009

FIM DO SONHO

E o sonho de o torcedor do Londrina ver o time subir para a Série C do Brasileiro terminou no último domingo. O Tubarão não foi além de um empate (1 a 1) com a Chapecoense quando bastava 1 a 0 para obter a vaga. Uma série de fatores conspirou contra a equipe no último domingo.

À exceção da torcida, que foi ao estádio do Café (nove mil pagantes e 11 mil pessoas no total - superior aos sete mil pagantes no jogo Santos x Santo André, na Vila Belmiro) e empurrou o time como há muito não se via, a equipe e a direção do clube não corresponderam à energia vinda das arquibancadas. Bem, dos cartolas - ou melhor do cartola-mor Peter Silva - não se esperava mesmo nada além do que vem sendo feito nestes últimos quatro anos (duas gestões consecutivas desastrosas que varreram o clube com a fúria de um tornado).

A decepção ficou com boa parte dos jogadores que não rendeu o mesmo de outras partidas, como a contra o São José (RS). Tivesse mostrado metade daquela disposição, o LEC estaria classificado. Acho que o próprio técnico Gilberto Pereira, que fez milagre com o que lhe foi oferecido, falhou na montagem da equipe e até em algumas substituições. Sem Borges e o promissor Victor (que estaria de malas prontas para o Cruzeiro - e o LEC vai ver a cor do dinheiro?) na zaga, Pereira improvisou Willian ao lado do inseguro Rogério - justamente os jogadores que participaram do lance patético do gol da Chapecoense numa série de passes errados. Acredito que o técnico poderia ter utilizado o meia Japa e o Warley, jogadores de velocidade ao invés do pesado Osmar que, de útil, cavou um pênalti muito duvidoso.

Independente da escalação, houve ainda uma supervalorização da Chapecoense. Concordo que é time certinho, mas nada assim de assustar. Até mesmo o Silvinho, principal destaque do time, sumiu na etapa final. Chegou a errar uma cobrança de falta próxima à área num momento importante do jogo. O que pode ter lhe custado a queda de rendimento foi a severa marcação no primeiro tempo, quando praticamente era o único lúcido do time e tinha de se movimentar para escapar do marcador.

Mas nada - nada mesmo! - foi tão prejudicial aos jogadores e ao técnico Gilberto Pereira - que atuou com um verdadeiro bombeiro apagando incêndio no decorrer da competição - quanto a falta de compromisso e seriedade da alta cúpula do Londrina. Não bastasse atrasar os salários, o cartola-mor insistiu em não cumprir promessas de pagá-los. Aliás por não cumprir acordos, como o feito com a Justiça do Trabalho, Peter Silva viu parte da renda de domingo ser levado por um oficial de Justiça. Agora, vem a denúncia da Federação Paranaense de Futebol de falsificação de ingressos. Mês passado teve a denúncia do jogador Jayme de que a assinatura de sua mãe fora falsificada pelo clube em um contrato.

De denúncia em denúncia, infelizmente, o LEC vai sucumbindo. O poço parece não ter fim. E o dirigente responsável por tudo isso, está aí incólume. Até quando?

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TORCIDA NOTA DEZ

Em 1978, o então presidente da CDF (hoje CBF), Heleno Nunes, veio a Londrina para acompanhar ao jogo Londrina x Corinthians pelas quartas-de-final do Brasileirão. Ante os 54 mil pagantes que viram a vitória do Tubarão por 1 a 0, o cartola do Rio disse que o Londrina tinha testemunhas e não uma torcida pelo fato de o torcedor entoar poucos cânticos durante o jogo e só vibrar nas jogadas de escanteio. Domingo, porém, viu-se o contrário no Café: uma grande torcida, cantando quase o tempo todo, querendo desatar o nó da garganta e, em campo, um time apequenado com medo - ou sem poder - de ir ao ataque. A Falange Azul, única torcida sobrevivente organizada do clube, deu um show. Espera-se que os futuros dirigentes deem um time à altura desta torcida.


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TORCIDA MIRIM

Outra destaque nesse jogo contra a Chapecoense foram os torcedores mirins. Alguns são notórios frequentadores do Estádio do Café e chegam a bater bola logo abaixo das cadeiras cativas. E, nesse jogo, se juntarem a eles outros meninos e meninas - a maioria com camisas do LEC - para empurrar o Tubarão. Esperança de renovação alviceleste numa cidade cada vez mais ligada ao futebol paulista, como se pode notar em clássicos paulistas pelo Brasileirão da Série A. Mais uma vez é preciso investir na formação do torcedor mirim para que o LEC possa continuar sendo amado por uma parcela dos moradores de Londrina.