segunda-feira, 2 de setembro de 2013

GIBA, CAMPEÃO DENTRO E FORA DA QUADRA


nome: Gilberto 'Giba' Amauri de Godoy Filho
idade: 22 anos (23/12/76)
altura: 1,92 metro
peso: 88 quilos
local de nascimento: Londrina
principais títulos:
campeão mundial infanto-juvenil na Turquia em 93 pela seleção brasileira (eleito o melhor jogador e atacante);
campeão sul-americano pela seleção brasileira juvenil em 94;
vice-campeão mundial juvenil pela seleção em 95 (escolhido como melhor jogador);
campeão sul-americano pela seleção brasileira adulta em 95;
campeão sul-americano de clubes em 96 pelo Chapecó (SC);
campeão da Copa Brasil-96 também pelo Chapecó (SC);
campeão sul-americano pela seleção adulta em 95;
campeão sul-americano pela seleção adulta em 97;
campeão da Copa América pela seleção adulta em 98 (eleito o melhor atacante e melhor passe);
campeão paulista pelo Report/Nipomed em 98.
metas: disputar a Olimpíada de Sydney no ano 2000 e cursar veterinária ao final da carreira

Giba, campeão dentro e fora da quadra
Claudemir Scalone
De Londrina

Durante a adolescência em Londrina, Gilberto Amauri de Godoy Filho nem sonhava em vestir a camisa da seleção brasileira adulta de vôlei. Como qualquer garoto de sua idade, ele praticou vários esportes e, só em 1990, adotou o vôlei como preferência. A escolha não poderia ter sido melhor. Hoje, nove anos depois, o jovem de 22 anos é uma das grandes revelações do vôlei brasileiro e tem seu talento reconhecido até por fãs no Japão. Gilberto, ou melhor, Giba é nome certo na lista do técnico Radamés Lattari Filho para defender a seleção brasileira na luta por uma vaga na Olimpíada de Sydney de 2000.
Se dependesse da herança esportiva do pai, Gilberto de Godoy, o Mexicano, Giba certamente teria preferido o futsal. Mexicano brilhou na década de 60 defendendo o time do Monções de Londrina. ''Joguei futsal e outros esportes durante a infância, mas me identifiquei mesmo foi com o vôlei'', relembra Giba, que deu os primeiros saques e cortadas no Canadá Country Clube em 1990.
Em 91, mudou-se com a mãe Solange Santamaria, que havia se separado do seu pai, para Curitiba. A mudança foi fundamental para seu crescimento no vôlei. ''Como em Curitiba só estudava, pude me dedicar mais ao vôlei. Lá tinha ainda mais campo e patrocínio do que em Londrina. O fato de morar próximo ao Círculo Militar também ajudou'', explica ele, lembrando que em Londrina trabalhou durante dois anos em uma padaria da Vila Yara (zona oeste).
A paixão e o desejo de se dedicar exclusivamente ao vôlei ocorreu em 93, quando Giba foi escolhido o melhor atacante e jogador do Mundial Infanto Juvenil conquistado pela seleção brasileira na Turquia. ''A partir deste momento, decidi seguir carreira no vôlei'', afirma o atacante.
O sucesso aos 17 anos foi o impulso necessário para o jogador sair do anonimato e ingressar rapidamente no seleto grupo de estrelas do vôlei nacional. Em 95, aos 19 anos, já integrava a seleção adulta campeã sul-americana.
A evolução técnica também foi rápida e Giba foi chamando a atenção das equipes de ponta do vôlei nacional. Em 93, disputou a primeira liga nacional pelo Clube Curitibano. No ano seguinte transferiu-se para o Cocamar/Maringá, onde jogou até a temporada 95. Em 96, foi para o Chapecó (SC), onde conquistou o Sul-Americano de Clubes. Na temporada 97/98, defendeu o Olympikus (RJ). Desde abril de 98 defende o Report/Nipomed, de Suzano (SP), onde conquistou o campeonato paulista.
A aposentadoria precoce da geração de ouro do vôlei, como Tande e Giovani que foram para o vôlei de praia, deixou espaço para novos jogadores como Giba. Apesar da pouca estatura para os atuais padrões do vôlei mundial - mede 1,92 metro -, Giba contorna o que seria uma adversidade com muita velocidade e impulsão - salta 94 centímetros. Os saques potentes são outra característica do atacante que vive a melhor fase de sua carreira.
O jogador londrinense teve atuação destacada na conquista da Copa América, disputada na Argentina, e no Campeonato Mundial do Japão em que o Brasil ficou na quarta colocação, ambos em 1998. Na Argentina foi escolhido como melhor atacante e melhor passe. No Japão liderou o ranking de melhor atacante até o jogo contra a Itália, com 67,50% de aproveitamento. Entretanto, uma ruptura dos ligamentos do tornozelo esquerdo o afastou dos jogos finais do Mundial.
O avanço na carreira atraiu ainda o assédio inevitável das tietes. No Mundial do Japão, Giba era o mais procurado para dar autógrafos e tirar fotos com as torcedoras japonesas. Ele não se incomoda com a tietagem. ''É gostoso passar a ser reconhecido pelo seu trabalho'', diz ele, que recebe apoio de perto da mãe, Solange Santamaria. ''Ela toma conta do 'extraquadra', controla gastos e investimento'', explica o jogador.
Ao mesmo tempo que tem seu valor reconhecido por técnicos, companheiros, torcedores e imprensa, Giba também sabe reconhecer a importância que o vôlei tem em sua vida. ''Apesar de ter feito poucos bons contratos, o vôlei me deu tudo que tenho, como carro e apartamento'', destaca ele.
Giba sabe que não tem ainda vaga garantida na seleção do técnico Radamés Lattari Filho. ''A medalha olímpica de 92 ainda traz muitos frutos ao vôlei e tem muita gente boa surgindo. Por isso, tenho sempre que correr atrás.''
O grande sonho do jogador é disputar a Olimpíada de Sydney no próximo ano. ''Depois do Mundial, o mais importante sem dúvida é a Olimpíada e eu quero estar lá. Mas primeiro, tenho que dar um passo de cada vez pois teremos um calendário absurdo este ano.''
Enquanto esquematiza seu trabalho à frente da seleção e do seu clube, Giba vai pensando também no futuro. ''Quando parar tenho vontade fazer faculdade de veterinária. Mas isto depois de fazer um pé meia, daqui a uns dez anos'', planeja. Se atingir o objetivo, ele poderá trabalhar em conjunto com a noiva Chiara Albano, de Três Pontas (MG), que estuda zootecnica na Universidade Estadual de Maringá.
Giba também não descarta seguir os passos de outros atletas e jogar vôlei de praia. ''É uma coisa que também tenho vontade, pois já joguei. Mas por enquanto quero aproveitar esta boa fase no vôlei de quadra'', finaliza Giba.

ÉLBER, DE LONDRINA PARA O MUNDO


Nome: Elber Giovane de Souza
Idade: 31 anos (23/07/72)
Local de nascimento: Londrina
Altura: 1,80 metro
Peso: 80 quilos
Onde jogou: Londrina de 1990/91, Grasshopper (Suíça) de 1991/94, Milan (Itália) de 1991/94 , Stuttgart de 1994/97 e Bayern Munique (Alemanha) de 1997/2003
Principais títulos: campeão sul-americano pela seleção brasileira de juniores em 90; vice-campeão mundial pela seleção brasileira de juniores 91; campeão da Copa da Suíça em 93 pelo Grasshopper; campeão da Copa da Alemanha em 97 pelo Stuttgart; e campeão da Copa da Alemanha em 98... campeão da Alemanha 99/2000.

Elber, de Londrina para o mundo

Claudemir Scalone
De Londrina


O destino do atacante Elber, 28 anos, poderia ter sido outro se o futebol não tivesse cruzado o seu caminho. Quem vê hoje o artilheiro do Bayern de Munique, sequer imagina o quão difícil foi sua vida na infância na periferia de Londrina. De origem humilde, Elber viu-se obrigado desde cedo a batalhar para auxiliar no sustento da família de quatro filhos do casal José e Laudicéia de Souza.
Elber e os irmãos catavam papel pelas ruas de Londrina para ajudar a família. ''Trabalhava de doméstica para ajudar o meu marido e fiz um carrinho para que os meus filhos pudessem ganhar um dinheirinho recolhendo papel'', conta dona Laudicéia. ''Graças a Deus consegui criar quatro homens de respeito'', agradece ela, lembrando ainda que Elber trabalhou em supermercado e na feira- livre.
Entre 1987 e 1990, Elber conseguiu emprego de estagiário no Banco do Brasil e conciliava trabalho, estudo e o futsal no time da AABB (Associação Atlética Banco do Brasil). ''Trabalhava quatro horas por dia e tinha o resto do tempo para estudar e jogar. Era gostoso demais trabalhar com o pessoal do BB'', relembra Elber.
A transformação radical na vida de Elber e da família Souza teve início em 1990 quando Elber, defendendo a seleção londrinense de futsal nos Jogos da Juventude do Paraná, chamou a atenção de Iran Campos, na época diretor de futebol amador do Londrina Esporte Clube.
Iran ficou admirado com o talento do jogador e o convidou a fazer um teste no time júnior do Londrina. Mostrando desde cedo o seu senso profissional, Elber recusou-se a ser submetido a uma avaliação superficial. Pediu mais tempo para mostrar serviço. O clube cedeu ao seu apelo e não se arrependeu.
''Dois meses depois de treinar no time júnior, o Paquito (técnico) me levou para os profissionais'', lembra Elber, que teve de tomar uma decisão importante na época: seguir no futebol ou prestar o concurso interno do Banco do Brasil. O bom salário e a carreira garantida no BB quase o fizeram a largar a ainda incipiente carreira no futebol. ''Só decidi continuar jogando porque fiquei sabendo que o concurso do BB poderia ser extinto.''
Elber disputou então a Copa Contubos (atual Taça Londrina) de Juniores pelo Londrina em dezembro de 1990. Apesar de o time ter sido vice-campeão, o bom futebol do atacante cativou Antoninho, ex-olheiro da Confederação Brasileira de Futebol falecido em fevereiro deste ano.
O jogador foi, então, convocado para a seleção brasileira de juniores. O Brasil acabou sagrando-se campeão sul-americano e Elber destacou-se marcando seis gols. No Mundial da categoria em Portugal, a seleção foi vice-campeã mas o jogador marcou cinco gols e atraiu a atenção do futebol europeu.
''Foi lá que tive o meu primeiro contato com o pessoal do Grasshopper da Suíça. Eles ficaram interessados em me contratar mas consideraram alto os US$ 300 mil pedidos pelo Londrina'', conta Elber. Alguns meses depois, o Milan da Itália pagaria US$ 1 milhão pelo seu passe na maior transação já feita pelo Londrina. Os próprios torcedores do Londrina pouco conheciam Elber, que ficou cerca de seis meses no clube. ''Fiquei mais tempo na seleção do que no Londrina'', confirma o jogador, que construiu uma sólida carreira no futebol europeu.
A venda para o Milan trouxe fama e dinheiro a Elber. A família deixou a velha casa do Jardim Sérgio Antônio (zona leste) e mudou-se para um apartamento no centro de Londrina. Mais tarde com a mudança de clubes - do Milan foi emprestado ao Grasshopper, depois vendido ao Stuttgart por US$ 3 milhões e, por último, negociado ao Bayern de Munique por cerca de US$ 9 milhões -, Elber pôde comprar um sítio para o pai e dar um apartamento para cada irmão (José Carlos, João Bosco e Carlos Alberto).
''Tudo o que temos hoje devemos ao Elber. Se não fosse ele estaríamos naquela vida sofrida de antigamente. Graças a Deus é ele ainda quem sustenta a gente'', reconhece dona Laudicéia. ''Deus deu a estrela para ele e nos brilhamos juntos também'', diz a mãe de Elber com um enorme sorriso de felicidade.
Elber também não se arrepende de ter trocado o banco de reservas do Milan para defender o modesto Grasshopper. ''O Milan tinha muitos estrangeiros e as chances para eu jogar eram poucas. Para eles, eu era um investimento para o futuro. Então, pedi para ser emprestado.''
O atacante jogou durante três anos na Suíça e nos intervalos do Campeonato Suíço fazia treinos e amistosos pelo Milan. No Grasshopper conquistou a Copa da Suíça em 1993 e foi o artilheiro da competição com 21 gols. No ano seguinte, foi para o Stuttgart da Alemanha. ''Logo no primeiro ano fraturei a tíbia e o perônio e fiquei seis meses parado'', recorda Elber, sobre sua primeira temporada no futebol alemão.
Apesar do contratempo, o artilheiro marcou 8 gols. Na temporada 95/96, foram 16 gols. Em 96/97, ele foi o vice-goleador do campeonato alemão marcando 17 gols. A consagração veio com os dois gols marcados na conquista do título da Copa da Alemanha de 97. O brilho do artilheiro despertou o interesse do poderoso Bayern de Munique que o contratou em julho de 97. Em seu primeiro ano de Bayern sagrou-se bicampeão da Copa da Alemanha no ano passado.
Apesar do sucesso no Stuttgart, Elber só foi ter seu trabalho reconhecido na Seleção Brasileira depois de se transferir para o Bayern. Sua primeira convocação ocorreu em fevereiro de 98 para a disputa da Copa Ouro nos Estados Unidos, última fase de preparação para a Copa da França.
''Pra mim foi bom ter tido uma chance com o Zagallo na seleção. Só fiquei chateado por uma entrevista que ele deu a uma televisão alemã, dizendo que 'igual ao Elber temos de dez a vinte jogadores no Brasil'. Como ele pôde dizer uma coisa dessa se nunca tinha me visto jogar?'', diz com um pouco de mágoa. Mesmo com poucas chances, Elber participou de dois jogos e acabou marcando dois gols, um deles de calcanhar. Depois faltando três meses para o Mundial, uma fratura na clavícula tirou-lhe as chances de disputar a Copa.
Ele teve chances ainda com o técnico Wanderley Luxemburgo, mas uma outra contusão no pé direito em junho do ano passado tirou-o da seleção outra vez. Ele só está voltando agora com Luiz Felipe Scolari, que substituiu Emerson Leão.
''Sei que há muitos bons jogadores na minha posição e não posso dar bobeira. Tenho que continuar mostrando que tenho condições de vestir a camisa do Brasil'', diz o atacante, que já tem engatilhado alguns projetos para o futuro.
''Tenho um contrato com a Adidas e penso em fazer alguma coisa aí em Londrina. Talvez, uma loja de materiais esportivos'', planeja. Também está nos seus planos atuar como procurador. ''Conheço vários empresários na Europa e posso atuar nessa área também'', adianta. O fato de falar bem o alemão, o espanhol e o italiano será um trunfo a mais na sua carreira, destaca o jogador.
Mas o goleador Elber já faz seus gols fora de campo. A infância humilde e cheia de dificuldades fez o artilheiro voltar suas atenções para os menores carentes de Londrina. Desde maio de 1997 funciona na cidade a Escola Oficina Pestalozzi, financiada por Elber e algumas instituições da Alemanha. A escola fica no Jardim Franciscato (zona sul) e oferece cursos profissionalizantes gratuitos a cerca de 250 menores carentes.

LIÇÃO DE JANUÁRIA


 Crônica produzida para o Caderno Paraná da Folha de Londrina.

Januária é uma mulher humilde na periferia de Londrina. Desde cedo teve de batalhar muito para ajudar no sustento da família. Aos 14 anos, lá estava ela atuando como babá. Aos 17, ficou grávida do namorado e abandonou os estudos. O pai, um baiano arretado, quase a expulsou de casa quando soube. A mãe, uma paraense afeita às ervas milagrosas para curar qualquer mal, conseguiu apaziguar o ambiente. Januária, então, casou-se e teve o filho.
Como o marido não tinha emprego fixo, Januária continuou trabalhando de doméstica e parindo filhos - teve mais cinco. O número de filhos e a idade - 45 anos -, já não lhe permitiam ter um emprego fixo. Ser diarista, foi a solução. O dinheirinho contado do dia a dia servia para alimentar a família e pagar a conta de luz. A água, cortada por falta de pagamento das contas, vinha de mina contaminada nos fundos do bairro pobre.
Além dos problemas e conflitos diários, Januária era solidária com suas vizinhas. A diarista ainda não conseguira se conformar com o triste drama de Albertina. A doméstica, que morava a algumas ruas de seu barraco - se é que se pode chamar de ruas aquele amontoado -, tinha sido flagrada por seguranças de um supermercado ao esconder um quilo de carne na bolsa. A história de Albertina, que queria naquele dia dar uma mistura para os filhos, saira na imprensa e se espalhara como um rastilho de pólvora pelo bairro.
Januária foi a primeira a prestar solidariedade à companheira de infortúnio. Depois de ser presa, Albertina acabou sendo libertada por um advogado que se comoveu com o seu drama. Porém, marcada não foi aceita no antigo emprego. Assim, deu a dica para que Januária procurasse a ex-patroa. Aceita a sugestão, Januária vestiu-se o melhor que pôde e foi encarar o desafio de ser aceita no emprego.
A mulher do bairro nobre examinou minuciosamente a futura empregada e, depois de muitas perguntas, pediu referências. Sem problemas com antigas patroas, Januária foi aceita no emprego. Logo no primeiro dia, percebeu que teria que ter muito jogo de cintura e paciência para aguentar a tal madame. Por mais esforço e dedicação que mostrasse, não escapava das broncas da patroa. Januária sabia que a patroa mandava a cozinheira revistar sua bolsa.
Engolia calada as humilhações até ser acusada de roubo de um anel valioso da patroa. Por mais que jurasse não ter pego o anel, não convenceu a madame. A confusão só foi desfeita depois que uma das filhas da madame assumiu ter apanhado o anel para ir a uma festa. A necessidade fez Januária continuar no emprego. Era raro não ter quer refazer o serviço por um capricho da patroa.
Cansada de engolir sapo, Januária decidiu dar o troco na madame. Com o bairro infestado de micuins (tipo de carrapato que ataca cavalos), ela teve o cuidado de colocá-los num vidro para dar um susto na patroa e vingar a amiga Albertina. Assim que chegou para o trabalho, comunicou a patroa que aquele seria seu último dia no emprego e seguiu com seu plano: executou o serviço e aproveitou para colocar os micuins entre as roupas da madame.
Terminada a jornada de trabalho, a diarista recebeu o pagamento e, quando já ia saindo pelo portão, pôde ouvir os berros da madame horrorizada com os micuins. Januária não se conteve e riu-se até não querer mais ao imaginar a cena da madame infestada de carrapatos. No caminho de casa, passou na amiga Albertina e contou-lhe a novidade.
Apesar de estar aborrecida com a ex-patroa, Albertina condenou a atitude de Januária. ''Muiê, como é que tu feiz uma coisa dessa! Se ela espaiá o que tu apronto pra ela, cê não vai arranjá emprego em lugar nenhum.'' Januária não se incomodou. ''Oiá aqui Albertina. Nóis pode cê pobre e vivê num lugar miseravê como esse. Mais nós merece mais respeito, cê num acha? Isso é uma lição pra ela nunca mais esquecê e trata as pessoa com um pouco mais de respeito. O serviço tá feito e não me arrendo, tá ouvindo. E se aqueles carrapatinho não feiz mal pros nossos fios, num vai fazê praquela megera também'', encerrou a conversa Januária.